Reconhecido pelo Cabido da Catedral de Santiago em 2019, o caminho liga Braga à capital da Galiza, numa distância de 240 quilómetros. A associação galega ‘Codeseda Viva’ apresentou documentação histórica que indica a sua existência desde o séc. XV.
São cada vez mais os peregrinos que escolhem o Caminho da Geira e dos Arrieiros para peregrinar a Santiago de Compostela. Este é um caminho cuja história e utilização nos remete para o século XV, mas que só em Março de 2019 foi reconhecido como itinerário de peregrinação jacobeia pelo Cabido da Catedral de Santiago. Foi a partir desta data que este novo caminho passou a integrar as estatísticas oficiais de atribuição da Compostela, documento que é emitido a quem complete o Caminho de Santiago.
São 240 os quilómetros que separam Braga e Santiago de Compostela, um caminho carregado de história cultural e paisagística que, no percurso português, inicia em Braga seguindo por Caldelas, Terras de Bouro, Gerês, Portela do Homem para depois seguir por terras galegas, nomeadamente Lobios e Entrimo e novamente entrar em terras nacionais, nomeadamente em Castro Laboreiro.
Os últimos 92 quilómetros correspondem à principal rota seguida pelos antigos transportadores de vinho de Ribeiro até Compostela, conhecidos como Arrieiros.
A Associación Galega do Concelho da Estrada, a ‘Codeseda Viva’, apresentou ontem formalmente, no âmbito das Convergências Portugal – Galiza, o caminho agora reconhecido pela Igreja e que tem visto crescer os número de peregrinos nos últimos anos.
Carlos Da Barreira, da ‘Codeseda Viva’, revela que até ao Verão deverá estar concluído o processo de sinalização do caminho que está somente sinalizado até Caldelas, do lado português, e nos últimos 40 quilómetros em território espanhol.
O responsável adianta também que o percurso compreendido entre Castro Laboreiro e Cortegada não tem estruturas de apoio aos peregrinos, existindo apenas um café instalado. Pede, por isso, aos peregrinos que se precaverem nestes 28, km de caminhada.
Jorge Fernéndez, também da associação espanhola ‘Codeseda Viva’, descreveu todo o levantamento histórico que foi levado a cabo desde 2014 e que permitiu ao Cabido da Catedral de Santiago reconhecer este caminho como um itinerário de peregrinação jacobeia. São documentos e escritos históricos de “grande relevância” que fundamentam que este era já um caminho utilizado pelos peregrinos desde o século XV. O responsável frisou a riqueza histórica e arquitectónica que este percurso encerra, traduzida por um conjunto de monumentos que se podem encontrar ao longo do caminho e que constituem, ao mesmo tempo, provas vivas de percurso que assumiu um importante valor na antiguidade neste âmbito.
Altino Bessa, vereador do Turismo da Câmara de Braga, diz que dos caminhos que nos conduzem a Santiago este é “aquele que poderá ter mais consistência histórica porque remonta a seis séculos de história”.